Autismo: uma falsa epidemia?


Compartilho com vocês um resumo de um artigo que elaborei sobre este estudo, que é bastante instigante e corrobora tudo o que notamos na nossa atuação como educadores.

A popularização diagnóstica do Autismo: uma Falsa Epidemia?

De acordo com as últimas estatísticas o crescimento podia um transtorno que psiquiátrico estuda infância nos chama a atenção. Há diversas conjunturas sobre o que favorece seu surgimento ponto geralmente é um transtorno identificado ainda na primeira infância implica possíveis impactos para os irmãos, alterações na dinâmica familiar, eventos estressantes e sobrecarga de cuidadores ponto a confirmação do aumento do número de crianças diagnosticadas nos leva a pensar em hipóteses, perguntas e argumentos a respeito desse aumento .



Espectro de transtorno Artista : Dado epidemiológicos e contemporaneidade

Kanner Foi o primeiro a estabelecer o autismo como o distúrbio único e não mais como apenas o sintoma da esquizofrenia. O autor caracteriza a síndrome como uma incapacidade nata e o descreve como sintomas obsessivos e a ecolalia . A definição do autismo se ampliou No decorrer do tempo   passa a se chamar transtorno do espectro autístico. A edição do quinto DSM 5 oficializa essa nomenclatura, englobando o TDI( Transtorno Desintegrativo  da Infância), Transtorno de Ásperger e TID (Transtorno Invasivo do  Desenvolvimento sem nenhuma outra especificação).





Tais estudos referem-se ao aumento das taxas de prevalência .Porém ,para o autor, a crença sobre o aumento da taxa de incidência é a responsável pelo surgimento da ideia errônea sobre a epidemia de autismo, noção que não se sustenta empiricamente ,pois os estudos sobre incidência não foram adequados para testar a hipótese de epidemia. 
Também é possível questionar os estudos sobre o aumento de prevalência ,já que muitos deles associaram autismo e retardo mental.

Outra questão é que grande parte dos estudos sobre prevalência são realizados na Europa e Estados Unidos, sendo que muitos países não dispõem desses dados tão bem  documentados ,inclusive o Brasil.
A mudança do conceito de Khann sofreu alterações ao longo do tempo e as mudanças dos manuais diagnósticos psiquiátricos afetaram a classificação e a nomeação do autismo.

A perspectiva psiquiátrica: de sintoma a Transtorno do Espectro Autista (TEA)






A mudança para uma concepção de espectro oficializa oficializa-se com a publicação DSM 5 e amplia a imprecisão dos critérios de inclusão,

Sendo assim ,mais crianças são incluídas do espectro e a prática clínica do psicólogo será impactada por tais aumentos que abrangerão diversas possibilidades sintomáticas.

Segundo Russo e Venâncio( 2006  )a oficialização do transtorno do espectro autista trouxe ruptura em três níveis:
  1.  Estrutura conceitual ao propor uma única ao propor uma lógica classificatória;
  2. A abordagem psicanalítica, até então dominada nas edições anteriores
  3. Representações Sociais associadas ao indivíduo moderno ao lidar com o normal e patológico e os grupos identitários.

Esse artigo objetiva justamente reconsiderar a fim de situar em que campo ocorre esses aumentos de crianças diagnosticadas com autismo .Assim, pode ser demonstrado o que se passa nos campos psiquiátricos e social, para que esse aumento ocorra.

Observar o fenômeno sem as devidas considerações críticas gera o risco de se cair no presente comentado isto é, práticas baseadas em uma normatização que podem incorrer na medicalização e exclusão do sujeito de seu próprio sofrimento.

Sem considerar o sujeito e ao promover uma  patologização precoce corre o risco de olhar a criança somente pela perspectiva do adoecimento . Desse modo, o diagnóstico deixa de conceder espaço para a intervenção que analisa as possibilidades de uma construção subjetiva.

A PERSPECTIVA social: O dialogo entre  patologia, associações de pais e identidade

Um ponto de vista considera o diagnóstico do autismo constituindo-se como um importante lugar identitário  que pode ser facilmente observado nas associações de pais.

A separação do autismo do grupo das psicoses infantis permitiram apagar a hipótese de uma psicogênese desimplicando pais e mães das causas dos transtornos do filho, além do deslocamento do modelo psicanalítico para as explicações orgânicas ( cerebrais) ,permitindo ao autismo ser considerado como pertencente ao campo das deficiências.

Diante da ausência de implicação dos pais na gênese do autismo dos filhos, as portas foram abertas para que estes se reunissem em associações que buscam lutar pelos direitos desses indivíduos. Nessa perspectiva um caminho possível para a deficiência seria a reabilitação ou seja, restituir habilidades àqueles que foram desabilitados. Mas qual seria a lesão do autista?

Cabe pensar que seria a linguagem e a interação social . Portanto, os programas de reabilitação preferem o caminho do treinamento, repetição e adequação .Porém esse caminho despreza as especificidades da  constituição psíquica dos indivíduos.




A articulações entre a psiquiatria e o social :o problema da epidemia


Os aspectos políticos apontam para a união de paz em torno de associações para lutar pelos direitos de seus filhos diagnosticados com transtorno do espectro autista .No campo psicanalítico os grupos formados por essas associações se guiam pela escuta, que pode convocá-los que pode convocá-los a afastar-se da culpa ,isolamento e exclusão que muitos vivenciam.


De acordo com Fortes (2009) na pós-modernidade há a  vitória do gozo que exacerba o individualismo enfraquece os vínculos afetivos, de maneira que vivemos em uma era de incertezas que mudou a relação do sujeito com as garantias quanto ao seu futuro.

Sendo assim, as associações de pais parecem constituir-se o indivíduo pós-moderno  dos dias de hoje, só que pelas vias da patologia. Também é possível sinalizar algo que escapa à  medicina e psiquiatria: O diagnóstico oferece o lugar social promotor de identificação quem cumpre sua função psíquica. 

Finalmente se reconhecermos o individualismo como importante espectro pós-moderno, é possível conjecturar que há um aumento de traços  autísticos posto no próprio laço social contemporâneo. Parece que essa epidemia de autismo aponta para um interessante paradoxo:

               

 "O individualismo exacerbado nesta era encontra a oposição pela via da patologia.
  Unidos por uma nomenclatura  diagnóstica ,é possível formar vínculos e  pertencer a um grupo."



Phedagogika.mente

Meu nome é Elisabete Miranda de Oliveira. Atuo no magistério há 37 anos, em diferentes níveis e funções. Acredito que o nosso conhecimento deve ser compartilhado ,pois se não for assim, torna-se inútil.

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